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DJ Doido: de apaixonado pela música a responsável pelo som do vôlei de praia

Música é algo que mexe com o nosso dia a dia. Ela tem o poder de trazer recordações, de nos deixar melancólicos, e, na maioria das vezes, de nos trazer alegrias. Normalmente é ouvindo música a gente comemora, pensa em coisas boas, se diverte, brinca e faz festa com pessoas queridas em volta. E a música tem uma parte importantíssima também no esporte. Por isso fomos ouvir o responsável pelo som do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, figura mais certa do que os próprios atletas nas etapas pelo país afora: Cristiano da Silva Souza, muito mais conhecido como DJ Doido.

Nascido em Fortaleza, esse super DJ conheceu a música por meio de um tio quando tinha mais ou menos 9, 10 anos. “Tudo começou com um tio meu, irmão da minha mãe, o grande Elizeu. O cara tinha um Black Power redondo bonitão, usava umas roupas massa e sempre escutando músicas que me deixava doido. James Brown, Bee Gees, Tina Charles, Tim Maia, Jorge Be. A partir disso, a música não saiu mais da minha vida”, contou o DJ.

Hoje, aos 45 anos, DJ Doido é, além de apaixonado por música, uma pessoa queridíssima por onde passa. Recordar o início dessa caminhada chega a ser emocionante.

“Eu sempre ía em baile funk de Fortaleza e ficava olhando aquela massa de gente pulando, cantando, dançando e isso me deixava hipnotizado. Olhava para o palco e via o DJ tocando e pensava que era aquele cara ali que mandava em tudo. E assim fui a várias festas só para ver a confraternização das tribos. Os DJ´s tinham a massa na mão. E aí veio a ideia de três pessoas que mudaram minha vida. W Man, Ligado e Preto Zezé, que são cantores e compositores e produtores do Rap. Eles me deram um par de toca discos, o apelido veio da rua, a galera que botou e ficou. Eu era o cara que montava o palco, o som, a luz e tocava”.

E se hoje o DJ Doido é conhecido e querido no vôlei de praia, sua trajetória percorreu outros esportes primeiro.

“Eu, como muitos jovens da época, vivia nas ruas e uma das coisas que me conectou mais ainda com a música foi andar de bicicleta e skate. Eu tinha uma bicicleta e minha mãe me deu um walkman. Comecei a gravar fitas e saía de bairro em bairro escutando música. Um belo dia dois grandes amigos, Netinho e Darjan me chamaram pra andar de skate. Nesse dia a gente foi em um dos bairros mais underground de Fortaleza, o grande conjunto Ceará. Um amigo chamou para fazer um campeonato de skate e, como eu já mexia em som, topei. E assim eu entro no mundo do esporte. Atrás de um campeonato de skate em um antigo supermercado abandonado lá no Montese, em 1995”, relembrou DJ Doido.

DJ Doido em ação durante etapa em Saquarema (Foto: Clarissa Laurence/Na Nossa Rede)

A competição cresceu, a história seguiu no skate por mais nove anos e o que era encarado quase como um lazer, virou profissão.

“Os campeonatos ficaram grandes e ponto de encontro de várias tribos. Daí um dos organizadores um grande amigo, Charles Reginaldo, um maiores atletas de skate do Ceará, me chamou pra fazer o Campeonato Cearense de skate. E aí a coisa se profissionalizou. Foram nove anos rodando o nosso estado levando tudo aquilo que fazíamos nas ruas, que era andar de skate escuta música”, disse.

Do skate para o vôlei de praia, houve uma ligação. Afinal, depois que recebeu o convite, foi com o som que usava no trabalho anterior que o DJ chamou atenção de todos que estavam no evento.

“Um belo dia estou em casa quando o telefone toca era o Zé Brasil. Ele trabalhava com produção de eventos em Sobral e me chamou para tocar em um campeonato de vôlei de praia. Eu cheguei com um par de toca-discos e fazia tudo direto do vinil. Meu repertório do skate chamou a atenção de todos ali – dos jogadores aos organizadores do evento. E assim entro no Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia”.

Ser o responsável pelo que se ouve ao longo de um dia inteiro de competição gera um peso. Mas não para o DJ Doido. Sua relação com a música envolve amor e muito respeito para que isso seja encarado como algo pesado.

“A música é muito importante sabendo usar na hora certa. Eu, como DJ de um grupo de rap, sempre tinha que ter o máximo de cuidado pra não errar porque sabia que naquele momento tinha várias pessoas ali que ia escutar dançar as músicas. Sempre respeito os estilos de músicas. A música desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio, voltadas para o pensamento. Já fiz muita gente chorar e sorrir”, brincou o DJ Doido.

DJ Doido está sempre cercado pelos atletas (Foto: Clarissa Laurence/Na Nossa Rede)

A troca com os próprios atletas também é considerada fundamental neste processo todo. Segundo o DJ, isso acontece constantemente. Os jogadores, inclusive, apresentam algumas de suas músicas preferidas e o responsável pelo som já coloca para jogo.

“Eu sempre estou com eles, troco ideias sobre músicas e assim vamos juntos montando os set para alegrar todos nas quadras e arenas Brasil afora. A minha alegria é ver o sorriso deles, ver cada um deles se divertindo. Isso me deixa com mais vontade de fazer a música tocar. Muitas vezes eu toco uma e eles já olham e falam que é boa. Aí, do nada, eles entram na cabine me mostram uma nova, eu já escuto, baixo na hora e boto no jogo do jogador que pediu. E, assim,  as influências se misturam”, explicou DJ Doido. A importância da música na sua vida? Não poderia ter melhor explicação: “a música é importante na vida de muita gente. Eu tenho a música como uma fonte de energia. É nela que eu recarrego a alma de boas energias. A música é igual uma árvore com vários galhos: tem o rap, reggae, samba, rock, forró, sertanejo, eletrônico. E assim é a música na minha vida”, concluiu.