Os atletas brilham dentro de quadra e nós fazemos deles verdadeiros heróis. Mas, o que os torna heróis de fato? A resposta não é simples. Uma série de fatores certamente foi decisiva para que Bernardinho, Renan, Maurício, Giba, Murilo, Bruninho, Lucão e tantos e tantos outros se tornassem ídolos. Mas há um fato em comum entre eles: Kleevansostins Albuquerque.
Se você achou o nome dele difícil, não tem problema. É só chamar Kleevão que o massoterapeuta da seleção brasileira masculina de vôlei e do Vôlei Renata aparece com suas mãos mágicas para amenizar dores, curar frustrações e comemorar grandes conquistas.
O pós-jogo na seleção ou no clube sempre conta com a presença do profissional que hoje, com 63 anos, acumula uma experiência de pouco mais de 20 trabalhando no voleibol brasileiro. O currículo do massoterapeuta ainda conta com seis participações em Jogos Olímpicos, quando fica à disposição do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e atua, também, em outras modalidades.
Tudo o que já foi vivido no vôlei brasileiro é lembrado com extremo carinho. “Quando penso em tudo que já aconteceu na minha vida por causa do vôlei passa muita coisa boa na minha cabeça. A gente cresce cada vez mais. Ganhar nunca é demais. A verdade é que a gente é movido a desafio e isso, cada vez mais, mantém a gente vivo”, destacou Kleevans.
Quando questionado se houve até hoje um momento mais marcante na sua carreira como massoterapeuta da seleção, não há dúvida na resposta: “aquele último ponto nos Jogos Olímpicos do Rio e toda aquela invasão na quadra. Só de lembrar arrepia”, contou.
Kleevão já passou por muitos clubes. Alguns dos mais importantes da modalidade. Assim como trabalhou com pessoas de grande importância também. Atualmente é massoterapeuta do Vôlei Renata, onde afirma estar realizado.
“Estou muito feliz aqui. Trabalhar em clube é diferente de seleção. Lá são muitos jogos, o ritmo é mais intenso, as competições são de tiro curto, mas a dedicação lá ou aqui é exatamente a mesma”, afirmou.
Atletismo foi o trampolim para a carreira esportiva
O vôlei ocupou o espaço no coração de Kleevans, mas a verdade é que a experiência no esporte começou através do atletismo. Ele começou na modalidade com 14 anos e percorreu o mundo competindo. Era corredor de provas de fundo, acima de 5.000 metros, e meio fundo, de 800 a 3.000 metros, e competiu até os 29 anos.
“O atletismo foi o início de tudo. Costumo dizer que foi o trampolim, o que me deu uma oportunidade e foi por conta dessa modalidade que eu entrei para o esporte e cheguei ao vôlei”, concluiu Kleevansostins, que tem com muito carinho a lembrança da Maratona de Frankfurt, na Alemanha, onde fez o tempo de 2h14min56.
Profissionais do vôlei destacam importância do massoterapeuta
MARCOS PACHECO, técnico do Vôlei Renata, velho amigo e atual chefe
“A primeira vez que trabalhei com o Kleevans foi 2000, 2001, na Unisul, em Florianópolis. Depois teve a Cimed, que foi bastante tempo, até 2011. Estivemos juntos no Sesi-SP, e agora aqui no Vôlei Renata. O Kleevans é um personagem que está em extinção. Luizão (antigo massagista do Vôlei Renata, já falecido) também era dessa espécie e o Kleevans talvez seja, dentro do que eu conheço, o último deles. Um cara extremamente experiente, de uma pureza e honestidade acima de qualquer coisa. Um cara que tem liberdade e gira em qualquer meio. Eu não conheço alguém no voleibol, ou até fora dele, que não goste do Kleevans. É um cara que ultrapassa a questão do massagista. Ele é um conselheiro, um talismã. É um cara bem quisto, e, se alguém não teve a oportunidade de conhecer, por favor, aproveite. Sempre que trabalho com ele e os jogadores mais jovens do grupo não o conhecem, faço com que eles pesquisem. Um personagem como esse, com tanta história e entrega, tem que ser conhecido e reconhecido. Esse ano aqui no Vôlei Renata a gente brinca que a grande contratação não foi o Lucão ou Evandro, e sim o Kleevão”.
BRUNINHO, levantador da seleção brasileira e quase filho desde 2003
“Falar do Kleevans para mim é muito fácil e um grande prazer. Desde a minha chegada na Unisul, no final de 2003, ele já estava lá. Ele era o faz tudo da equipe e desde então a gente tem uma relação de muita amizade e respeito. Tenho uma admiração muito grande por ele. É um cara que faz tudo aquilo que estiver a seu alcance para ajudar de qualquer maneira a equipe e as pessoas. Tem um coração enorme e eu admiro demais o Kleevão. Todas as grandes conquistas da minha vida ele esteve ao meu lado e quero dizer que, sem dúvida alguma, é um dos caras mais importantes que encontrei dentro do voleibol. Quero desejar ainda mais sucesso e agradecer por toda essa amizade esse companheirismo durante todos esses anos. Ele é uma lenda do nosso esporte brasileiro”.
MATHEUS CARDOSO, fisioterapeuta e companheiro de quarto na seleção brasileira
“Trabalho com o Kleevão desde 2005, na Cimed. Foi o cara que me abriu as portas no vôlei, que me ensinou muita coisa do que eu aprendi, tanto na minha profissão, como no vôlei e até mesmo de comportamento. O Kleevão é uma unanimidade no voleibol brasileiro. É um cara extremamente comprometido naquilo que faz, extremamente organizado, e que não deixa passar nada. Eu costumo dizer que convivo mais com o Kleevão de forma direta do que propriamente com a minha família. Ele se tornou =um confidente, um cara que escuta, que faz parte da minha evolução dentro da minha carreira. Ele não deixa ninguém na mão. Aprendi a respeitar muito dos atletas pelo comportamento dele com esses atletas e isso é muito bacana. Sem falar na sua competência no trabalho, no que ele faz. E não só como massagista, mas na parte organizacional. Ele me ajuda bastante em toda a rotina de organização pré viagem. Não tenho nem palavras para dizer o quanto esse cara é importante na minha carreira e na minha evolução profissional”.
BERNARDINHO, ex-técnico e responsável por leva-lo para a seleção
“O Kleevão é um cara que não pode faltar no grupo. É uma energia para fazer, realizar, para ajudar. É aquele cara que acorda todos os dias pronto para ajudar todo mundo. Quando você está meio para baixo, ele te levanta, quando você precisa, ele está sempre ali. Eu acho que além da competência dele, de conhecer bem cada um dos rapazes, tem essa coisa da colaboração permanente. É um diamante, uma pessoa que só de estar presente traz um astral incrível para o time, confiança, trabalho, exemplo. É uma figura muito especial. Um daqueles trunfos da seleção brasileira. Ter alguém como o Kleevans por perto certamente é muito especial”.
Fotos: Clarissa Laurence/Na Nossa Rede